sexta-feira, 9 de abril de 2010

Quero escrever o que não consigo dizer. Apetece-me desabafar, como abrir um livro em branco e a cada palavra que ler surgir uma emoção. Um significado, um pedaço de ficção tornado realidade. Sinto-me a desfalecer, como um sobrevivente num barco no meio de uma tempestade, onde sabe que só um milagre o fará sobreviver. Por que sou assim? Sou assim porque não consigo controlar-me, tudo o que faço é a medo de que as pessoas não gostem mim. Não quis sofrer mais, por isso decidi afastar-me de toda a gente. Agora em vez de um coração tenho uma pedra. Difícil será pedir ajuda, porque fujo de tudo e de todos. Não enfrento os meus medos. Sempre a fugir, mas os problemas não desaparecem, apenas adormecem num sono leve. Estou continuamente dormindo, até um dia em que acordo. Mais furiosa, que um bebé com sono. Será que um dia vou acordar para a vida? Será que algum dia, vou deixar de fugir? Será que algum dia não precisar de me esconder por detrás duma máscara? Um dia terei paz, comigo mesma. Procuro o quê? Escondo-me de quê? Do sofrimento?! Mas se não sofrer não viverei, ficará sempre a angústia de poder ter feito algo mais, ser capaz de ter feito outra coisa para me mudar a mim. Então o que me falta? Não sei, não me conheço, e muito menos sei quem fui, sou ou serei. Sou uma sentimentalista barata, daqueles livros que se compram, mesmo não sabendo o fim são todos iguais e terminaram de certeza da mesma maneira. Só muda o conteúdo, a forma do conteúdo é sempre mesma. Devo ser mesmo uma criancinha, não amadureci o suficiente. Não cresci em termos mentais. Se calhar não vivo, sobrevivo. Vou sobrevivendo, não questionando, não esticando a corda. Se calhar limito-me a seguir as pegadas dos outros. Em vez de ter uma personalidade própria. Se calhar também por ter mentido, muito a mim própria agora já não sei quem sou. Perdi-me no caminho, e agora não sei o caminho de volta. Um circulo vicioso, onde já não se sabe onde começou e onde acaba. Ainda irei a tempo, de me encaminhar e não me perder de vez? O lamentar não me ajuda em nada, só faz com que tenha pena do que estou a ser neste momento. O frio passou, o frio que tinha quando comecei a escrever, mas o gelo dentro de mim, a angústia, a tristeza, o sofrimento continua. Não há alegria nos meus olhos, como num dia cinzento onde só chove. Em que a minha cara são as gotas, que caíram nesse dia de temporal. Onde o sol se escondeu, tornou-se cinzento, carregado. Não há cores vivas, mas sim cores mórbidas. Terei gostado de alguém realmente? Sim, apesar de tudo não sou assim tão fria. Da minha família, dos meus verdadeiros amigos, desses gostei. Então quando deixei de gostar? Quando deixei de ter interesse pela vida? Quando passei a sobreviver, como um náufrago que só vê mar e mar e mais mar. Mas acredito que sobreviverei, mas já não tenho a certeza de nada.

2 comentários:

  1. Sozinha nunca iras ficar, estas fria? Sim, estas.. Mas o teu valor como pessoa, e incrivel. Dizes que tens uma pedra em vez do coraçao, nao concordo. Estas e triste e magoada, e como nao te consegues controlar reflectes isso para toda a gente.. Mas tudo ira mudar, disso podes ter a certeza. nao desistirei de ti, e de algum dia seres feliz. Vales muito, mais do que qualquer pessoa.. Deixa-me ajudarte, nao precisas de pedir ajuda, pois, eu ja vi que precisas dela.. um grande beijinho e FORÇA, nunca duvides de ti e do teu valor !!! Bernardo Romão

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